segunda-feira, 18 de maio de 2009

pra você que encontrei na razão da minha loucura ...

Vós me dizeis "A vida é um fardo pesado". Mas para que serve esse vosso orgulho pela manhã e essa vossa resignação pela tarde? 
A vida é um fardo pesado, mas não vos mostreis tão delicados. Todos nós não passamos de belos jumentos e belas jumentas de carga
Que temos em comum com o cálice de rosa que verga sobre o peso de uma gota de orvalho? 
É verdade: amamos a vida não porque estejamos habituados à vida, mas estejamos habituadas a amar. 
Há sempre algo de loucura no amor, mas há sempre algo de razão na loucura
E eu, que estou de bem com a vida, creio que aqueles que mais entendem de felicidade são as borboletas e as bolhas de sabão e tudo o que entre os homens lhes assemelhe. 
Ver girar essas pequenas almas leves, loucas, graciosas e que se movem é o que arranca de mim lágrimas e canções. 
Eu só poderia acreditar num Deus que soubesse dançar. 
E quando eu vi meu demônio, pareceu-me sério, grave, profundo, solene. Era o espírito da gravidade. E ele é que faz cair todas as coisas. 
Não é com ira, mas com riso que se mata. Coragem! Vamos matar o espírito da gravidade! 
Eu aprendi a andar. Desde então passei por mim mesmo a correr. E aprendi a voar. Desde então, não quero que me empurrem para mudar de lugar. 
Agora sou leve, agora vôo, agora vejo por baixo de mim mesmo, agora o espírito dança em mim. 

Nietzche, Assim Falou Zaratustra

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